Fluminense foi parar na terceirona

Um Tricolor amigo meu é testemunha. Hoje ele trabalha no jornal Lance!, mas na época fazíamos dupla nas Laranjeiras para o Jornal dos Sports. O Flu precisava vencer o ABC para se manter na segundona. Se perdesse ou empatasse, dependeria de uma combinação de resultados para não cair. No treino que aconteceu na véspera da viagem para Natal, perguntei ao jogador Carlos Alberto Dias:
“Você já se imaginou nessa situação de jogar podendo ser rebaixado para a terceira divisão?“. A resposta resultou no que muita gente acredita ter sido determinante para a queda. “É difícil mesmo. Quando a gente chega lá os caras querem tirar fotografias com a gente, pedem para autografar camisa. Quem joga lá? Fulaninho, ciclaninho, nãoseiquemlazinho. Todos queriam estar aqui no Rio, no centro”, ridicularizou.
No dia seguinte, na Rádio Globo, o repórter entrou ao vivo entrevistando o presidente do ABC, que estava revoltado: “O Fluminense vai pagar pelas palavras insanas desse jogador. O técnico pretendia poupar o time porque estamos classificados, mas vou exigir que escale força máxima. Se depender de nós vai cair. Eles vão encontrar clima de guerra e compraram briga com a cidade toda”, garantiu.
A matéria foi colada no vestiário e o técnico fez a preleção mostrando aos jogadores o que pensavam deles. O Flu empatou e foi rebaixado. Esse meu amigo diz até hoje que eu fui o responsável pela queda, mas eu sempre digo que não. Seria muita pretensão minha dizer o contrário. O time era um verdadeiro saco de pancadas e teria caído com ou sem a minha ajuda.
Tenho orgulho dessa história. Dentre os clubes cariocas o Botafogo é inexpressivo e do Vasco eu sinto pena porque tudo que faz é para chamar nossa atenção, como cachorro abanando o rabo para o dono. Já o Flu é irritante com seu ar de superioridade, sua aristocracia decadente que vive de aparências. Não vou torcer para o Boca. Um a zero com gol contra basta.

Mino Brügger