domingo, 8 de fevereiro de 2009

Guerra nos bastidores continua

Se dentro de campo a imprensa pautada por empresários e dirigentes consegue manter a ilusão do torcedor na magia do futebol, fora dele não há como esconder o fedor. Depois da confusão que aconteceu em uma reunião na Gávea, Márcio Braga pediu licença médica, Delair Dumbrosck assuniu e Léo Ribeiro se explicou formalmente a Associados e Conselheiros sobre o que de fato aconteceu. Veja abaixo a explicação:

Um comentário:

Anônimo disse...

No anexo, logo abaixo, a íntegra do relatório onde é possível se ter uma ideia da real situação financeira do Flamengo. Vejam e julguem se forem capazes... CONCLUSÃO Em 2004, Flamengo tinha mais de 200 ações trabalhistas e cíveis em fase de execução. Embora a proposta orçamentária de 2004 indicasse contingências de 40 milhões de reais, chegamos à conclusão de que este número seria próximo de 100 milhões de reais, já que os valores que chegavam para o Flamengo pagar, eram muito maiores do que o que havia sido contabilizado. Apenas como exemplo, um simples funcionário que tinha direito a 15 mil reais, contabilizados, havia ganho na Justiça 80 mil reais. O atleta Lê, que tinha um salário de 20 mil reais e que, pela contabilidade do clube, fazia jus a pouco mais de 100 mil reais, ganhou, e recebeu quase 2 milhões de reais. O ideal seria que o Flamengo pudesse propor acordo de parcelamento destas dívidas, oferecendo garantias reais. Porém, para que isso pudesse ser feito, o clube teria que ter, pelo menos, talões de cheques e não tinha, o que somente foi possível após um trabalho brilhante feito pelos meus antecessores, Sebastião Pedrazzi e Luís Felipe Brandão. Depois que estes competentes e sérios dirigentes voluntários conseguiram ajudar a restabelecer a dignidade do clube, foi possível fazer acordos, oferecendo garantias e, com isso, o Flamengo está conseguindo honrar os compromissos com praticamente todos os ex-atletas e ex-funcionários. Certamente evitando assim,,um novo aumento do passivo trabalhista, enorme peso que herdamos. Em 2004, por conta de não ter as suas certidões, e em função de ter perdido o direito ao Refis, já que há anos não vinha pagando regularmente as parcelas, o Flamengo ficou 11 meses sem poder receber de seu patrocinador. Face a isso, o clube chegou a quase 5 meses de salários atrasados. Com isso, perdia credibilidade e corria também o risco de perder todos os seus atletas. Apesar de tudo isto, conseguimos resolver as pendências e jamais perdemos qualquer atleta que fosse por conta disto. Hoje, apesar de ainda ter muitas dificuldades, o quadro é totalmente diferente. Até porque, o Flamengo possui linhas de crédito de mais de 30 milhões de reais junto às instituições financeiras. É digno de nota que este valor, de crédito na praça, era apenas de 600 mil reais em 2002. Além disso, temos contratos que nos permitem antecipar recursos, caso exista a necessidade. As receitas antecipadas de 2009 correspondem a algo entre 15% e 20% das receitas projetadas. Em contra partida, todas as futuras já haviam sido antecipadas em 2002, quando assumiu o presidente Hélio Ferraz. A ressurreição do Flamengo neste período foi fruto da seriedade, competência e coragem de muitos voluntários que passaram pelo clube de 2002 até hoje. Além deste comprometimento de receitas, o Flamengo possui os 15%, relativos ao ato firmado junto ao TRT. Aliás, este ato também salvou o clube, tendo em vista, que com isto o Flamengo pagou praticamente todas as suas ações trabalhistas que estavam ou entraram em fase de execução. Mais de 500 ex-funcionários receberam, incluindo aí uma centena de atletas, treinadores, membros de comissão técnica etc.. Dr. Marcelo Antero e Dr. José Saba foram importantíssimos neste processo e o Flamengo teve o mérito de ser o único clube, entre os grandes do Rio de Janeiro, que conseguiu se manter no ato e honrar os seus compromissos. Hoje, estas dívidas são pagas de forma quase que imediata. Restam, neste momento, algo em torno de 10 pendências, apenas. Preocupante são algumas ações cíveis e que, no meu entendimento, o Flamengo deveria priorizar o acordo. Refiro-me especialmente aos casos Consórcio Plaza, Segil, PSP, Pet e Atlético de Madrid (neste caso, já foi feito o acordo e o clube está pagando). São praticamente 50 milhões de reais, que deveriam ser negociados, para que houvesse um parcelamento longo, assim como foi feito no caso do Romário, a quem o clube foi obrigado a pagar uma fortuna por vaidade de alguns dirigentes à época. O Flamengo não permite vaidades e a sua torcida não merece! Hoje, estas ações mencionadas já representam penhoras de quase 40% das receitas do clube. Não existe milagre neste caso e se estas questões não forem resolvidas, o clube passa a correr vários riscos e ninguém irá resistir por muito tempo! No caso das certidões, o Flamengo conseguiu através da Timemania (em um trabalho incansável e elogiável do Presidente Márcio Braga) todas as suas certidões. Apesar das grandes dificuldades, a nossa principal missão é manter isto. Mas para tanto, reitero, o clube tem que ter condições, tranquilidade e autorização dos poderes para poder ter acesso às receitas orçadas. Fica muito difícil trabalhar com um orçamento de 100 milhões de reais, mas somente poder fazer a gestão de 60 milhões de reais, em função das "surpresas" que o grande passivo do clube nos apresenta no dia-a-dia. Fica claro que a situação financeira do clube melhorou, reiterando que ainda há muitas dificuldades. Em 2002, para cada R$ 1,00 a pagar, o clube tinha pelo orçamento pouco mais de R$ 0,20 a receber. Hoje, o clube tem orçado R$ 0,40 a receber para cada R$ 1,00 a pagar. Melhorou, sim, mas ainda está muito longe do ideal. Em janeiro de 2003, o Flamengo tinha compromissos acumulados para pagamento a médio prazo de algo em torno de 120 milhões de reais. Estes valores, somados aos compromissos orçamentários para aquele ano, que eram de 59 milhões de reais, perfaziam um total de 179 milhões de reais, para uma receita para aquele ano de algo e torno de 53 milhões de reais. Ou seja, o clube iria receber R$ 0,30 em 2003 para cada R$ 1,00 que tinha de obrigação de pagamento. Já em 2009, o Flamengo tem compromissos acumulados para pagamento a médio prazo de algo em torno de 48 milhões de reais. Estes valores, somados aos compromissos orçamentários para este ano, que são de aproximadamente 120 milhões de reais, perfazem um total de 168 milhões de reais. Considerando que o orçamento será aprovado projetando receitas de 140 milhões de reais, por exemplo, observamos que hoje o clube receberá R$ 0,83 para cada R$ 1,00 que terá que pagar. Porém, este raciocínio somente será válido se todas as receitas importantes orçadas se realizarem, conforme compromisso orçamentário. Refiro-me principalmente aos contratos com o fornecedor de material esportivo e patrocinador de camisa, receitas de bilheteria e venda de direitos econômicos. A somatória destes valores deverá chegar a aproximadamente 90 milhões, conforme orçado inicialmente. Se isto não ocorrer, certamente todo o quadro mudará. Mesmo ocorrendo, será necessária solicitação do conselho diretor e a autorização dos poderes competentes do clube, para que seja possível antecipar 28 milhões de reais de receitas futuras para compor o fluxo de caixa. Na realidade, todos sabemos que esta necessidade existe somente por conta do passivo acumulado ao longo dos anos. Se possível fosse considerar apenas de 2002 até hoje, o clube teria em caixa aproximadamente 50 milhões de reais, consequência da gestão dos presidentes Márcio Braga, Hélio Ferraz e as suas equipes. Trabalho conjunto, de fato! Por fim, quero reiterar o meu agradecimento a todos, desejando que o Flamengo possa se unir mais, distribuindo a competência e experiência de todos os conselheiros para que o Flamengo possa continuar se estruturando e, quem sabe, presentear a maior e melhor torcida do mundo com resultados esportivos compatíveis com a sua grandeza. Sinceramente, não consigo enxergar um Flamengo 100% unido, mas consigo sonhar com um Flamengo mais maduro e responsável, onde as pessoas possam ao menos se respeitar e, com isso, respeitar ao próprio Flamengo e a sua imensa nação. O meu muito obrigado, José Carlos Dias (ex-vice de finanças) http://extra.globo.com/servicos/links.asp?link=http://extra.globo.com/esporte/arquivos/relatorio_gestao.pdf